A
LENDA DA CARNAÚBA
Em uma região muito fecunda e bonançosa – conta uma lenda indígena – habitava uma
tribo feliz e próspera, em tempos em que a memória não guardou.
Um
dia, uma seca terrível assolou o País lendário. Luas e luas e os
habitantes aguardaram as chuvas. Mas o flagelo persistiu. E a
tribo, outrora feliz, viu seus filhos morrerem um após outro. Uma família
apenas sobreviveu à catástrofe: um casal e um filho. E, ante a ruína do seu
povo, os três partiram em busca de outras terras.

Nesse
momento, no alto da palmeira, entre sua folhagem, surgiu uma mulher, morena e
bela.
― Meu nome é Carnaúba, disse ela.
Como a tua, a minha tribo foi destruída pela seca. Quando
morri, Tupã, apiedado, transformou-me nesta palmeira, para que protegesse
nossos irmãos de raça. Toma de teu machado e me corta! Do meu estipe
tirarás o palmito, e terá alimento. Com minha palha, construirás teu abrigo;
da minha cera farás velas e terá paz. O meu fruto plantará e outras palmeiras
surgirão para o teu povo.
Assim
fez o jovem índio. Em alguns anos, o deserto transmudou num palmeiral
farfalhante. A família transformou-se em "Clã". A vida
voltou a ser feliz. E o jovem índio, agora envelhecido, partiu para
levar, às outras tribos, sementes da palmeira de Tupã, que passou a chamar-se a
"ÁRVORE DA VIDA".
A LENDA DA MACYRAJARA
Macyrajara era uma linda jovem de olhos amendoados e cabelos longos. Seu pai era o chefe Botocó da tribo dos Tremembés, que habitavam as terras da margem direita do Igaraçu até o mar.
Macyrajara conheceu Ubitã, jovem guerreiro pertencente a uma tribo inimiga da sua, que habitava a planície litorânea. Os dois se apaixonaram e passaram a se encontrar às escondidas.
O pai de Macyrajara tomou conhecimento e, discordando daquele amor, mandou prendê-la numa oca vigiada por sete guerreiros.
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O desenho estampa a parede do Centro Recreativo do SESI
na Lagoa do Portinho, em Parnaíba-PI
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O destemido guerreiro, levado pela paixão, não ouviu os conselhos de Tupã. E, ao anoitecer, saiu à procura de seu grande amor. Ao chegar próximo à oca, foi atingido no peito por uma flecha inimiga, tendo morte imediata.
Macyrajara, ao tomar conhecimento da tragédia, saiu correndo e desapareceu na escuridão da noite. Três dias após vagar pelas matas, parou em um olho-d’água. Naquele momento, começou a chover, ela, então, cheia de dor e tristeza, começou a chorar. Ali suas lágrimas e a chuva se juntaram àquelas águas que corriam.
Tupã, apiedando-se dela, transformou suas lágrimas no rio que separou as duas tribos.
Hoje, aquele rio chama-se Portinho e separa as terras de Luís Correia das de Parnaíba.
A LENDA DO CABEÇA DE CUIA
Era uma vez um pescador chamado Crispim, que certo dia ao voltar de uma infrutífera pescaria, cansado ao adentrar em seu casebre resmungou para a mãe:
― Quero comer!
― Pronto filho, só temos pirão e este corredor de boi.
E colocou a tigela de pirão com o corredor em uma improvisada mesinha.
― Esta porcaria?
Irritou-se e arrebatou com o corredor na mão agredindo violentamente sua pobre mãe, que cai por terra agonizando:
― Filho ingrato, eu te amaldiçoo: não terás o descanso eterno enquanto não devorares sete Marias virgens. Vagarás como morto-vivo!
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Ilustração: Di Holanda |
LENDA CABEÇA DE CUIA EM CANTO
Sete Marias
Precisa tragar
São sete virgens
Por encanto quebrar.
Quando o rio
Lua cheia desce
Cabeça de Cuia
Sempre Aparece.
Rema pra margem
Oh! Velho pescador
Que na curva do rio
O monstro vai apontar.
Castigo tremendo
Que Deus lhe deu
Por bater na mamãezinha
Crispim lhe encantou
Tem medo, oh! Maria
Que estás a lavar
O Cabeça de Cuia
Te pode tragar.
O VAREIRO DE PARNAÍBA
Porto das Barcas - Porto Salgado - início do século XX Foto: Morais Brito. |
Quando, nos dias de folga, o vareiro gostava de vestir calça de mescla ou riscado grosso, com camisa de listrinha azul e branco, exibindo sua musculatura de homem de sol, com talinge nos braços, chapéu branco de abas curtas, viradas para cima e tamancos pesados, com rosto de sola ou pele de bode curtida e o cinto de sola grossa, com fivela de latão, era indispensável. Não esquecia a faca marinheira, embainhada, e cujo cabo destacava-se uma estrela de cinco pontas para combater “mandinga”. Sua arma era “cacete de jucá”, que sempre ficava na embarcação e, só usada quando ameaçados.
Eles faziam a alegria do porto e da Rua dos Barqueiros, na Quarenta.
Com o crescimento do Porto Salgado, a navegação à vapor, em substituição aos pequenos barcos e canoas, e a construção da ponte Simplício Dias, pouco a pouco, esta figura típica desapareceu de nosso município, existindo apenas, em determinados trechos do rio, onde há carência de transporte.
LENDA DO MORRO GEMEDOR
A
índia Intã, linda jovem Tremembé descendente de Mandu Ladino, vivia na Ilha
Grande de Santa Isabel, numa linda praia próxima a Pedra do Sal.
Intã
amava a natureza, gostava de caminhar pela praia, brincando com a areia e as
ondas que chegavam aos seus pés e num desses passeios encontrou desmaiado, um
náufrago, moço branco, de cabelos loiros, sua formosura deixou a Índia Intã
encantada e apaixonada e, logo passou a chamá-lo de Ará.
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A
cabana desapareceu, foi coberta pela areia e, segundo contam a índia Intã
continua a gemer nos braços de seu grande amor o seu príncipe Ará.
O
lugar soterrado deu origem ao Morro Gemedor, e se você tem dúvidas sobre está
historia, visite e tente subir, o Morro Gemedor que você ouvirá com certeza,
os “Ais” de amor de Intã e Ará.
OBS.: Devido a divisão territorial ocorrida em 1997, esse morro localiza-se agora no município de Ilha Grande do Piauí, portanto não é mais uma lenda tão "parnaibana".
FONTE: Adaptado de: Morais Brito: viagens e turismo. Acesso em: 13.08.2012.
queria mais lendas
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